Chapada Diamantina
Mirante do Pati e Igrejinha
Travessia do Vale do Pati (1/5)
Distância do dia: 9,5 km
Distância acumulada: 9,5 km
Foram dias de ansiedade até a chegada da travessia e seu início guardava uma grande expectativa, afinal, seriam 5 dias trilhando, sem contato com o mundo externo e somente com o objetivo de finalizar os aproximadamente 55 quilômetros dessa jornada. Nesse momento fomos apresentados ao nosso guia Carlito e seguimos para enfrentar a subida do paredão e ter acesso aos campos do Gerais do Rio Preto e conhecer o belíssimo Mirante do Pati, local onde fomos apresentados ao vale que nos abrigaria em todos esses dias de caminhada. Na chegada ao mirante, fomos alertados sobre a presença de duas cobras no local: uma cascavel e uma coral. Sinal de má sorte? Pelo contrário, foi apenas um sinal da abundante vida animal que se estende por todo o vale.
Ao final desse dia, descansamos na Igrejinha, recepcionados pelo Sr. João. Chegamos juntos com parte das mercadorias que abastecem o vale e são transportadas em lombos de mulas. Sim, mulas. O acesso a essa região é muito difícil e o abastecimento é feito dessa maneira. Foi uma recepção amiga e carinhosa.
O Cachoeirão
Travessia do Vale do Pati (2/5)
Distância do dia: 15,7 km
Distância acumulada: 25,2 km
O objetivo desse dia era caminhar pelas Gerais do Rio Preto e conhecer o imponente Cachoeirão. Com aproximadamente 280 metros de altura, ele é um dos atrativos existentes nesse grande abismo, que também possui vários mirantes e uma vista muito bonita do vale.
Alguns mirantes são mais desafiadores que os outros, mas são um convite para fazer belos registros e contemplar as belezas presentes ali. Um pouco acima do local da queda da água, tem um ponto onde é possível tomar um banho de rio e fazer um lanche com calma. E mesmo ali, entre vários quilômetros de caminhada, éramos mais uma vez surpreendidos pelos lanches montados pelo Carlito. O capricho e a variedade eram certos nesses momentos de reposição de energia.
Morro do Castelo
Travessia do Vale do Pati (3/5)
Distância do dia: 7,8 km
Distância acumulada: 33 km
Com certeza a parte mais difícil desse dia foi despedir-se da Igrejinha e das pessoas maravilhosas que conhecemos ali. João, nosso anfitrião, foi excepcional. O carinho e as refeições que recebemos ali foram um capítulo à parte nessa jornada que foi o Vale do Pati.
Dali, seguimos para a casa de Agnaldo, que seria nossa próxima parada para pernoite. A chegada foi rápida, pois tínhamos um grande desafio neste dia: subir o Morro do Castelo. Essa seria a trilha mais íngreme e também a mais difícil, não só pela inclinação, mas pela lama acumulada no caminho, que deixa o trajeto mais difícil. Mas a subida e a dificuldade compensam. Somos recepcionados por uma grande caverna que dá acesso aos dois mirantes que visitamos nesse dia. Apesar do dia um pouco nublado, a vista foi muito bonita.
Poção da Árvore e Encontro das Águas
Travessia do Vale do Pati (4/5)
Distância do dia: 11,9 km
Distância acumulada: 44,9 km
Esse foi o dia de caminhada e banhos de cachoeiras. Tivemos o privilégio de trilhar acompanhando o curso do rio e conhecer dois pontos de encontro entre os rios da região. Nos banhamos no Poção da Árvore e conhecemos o encontro dos rios Pati e Calixto. Descendo no sentido da nossa próxima parada de pernoite, conhecemos também o encontro dos rios Calixto e Cachoeirão.
No fim do dia, o maior presente: a luz da tarde na Ladeira do Império. Pudemos ver o paredão gigante pintado de laranja com a luz do sol, formando uma bela pintura. Além desse presente, também conhecemos o Seu Jóia, mais um dos incríveis personagens desta aventura. Junto com Dona Leu e sua família, recebem ali os aventureiros abrindo não só a sua casa, mas também seu baú de histórias e sua infinita simpatia, nos fazendo sentir-se em casa. Essa energia foi fundamental para enfrentar a longa subida e a distância do último dia de trilha.
Ladeira do Império e Serra do Ramalho
Travessia do Vale do Pati (5/5)
Distância do dia: 11,5 km
Distância acumulada: 56,4 km
Como parte da jornada também é o fim (eu sei, é clichê), chegamos ao nosso último dia de caminhada. Esse é um dia mais tenso, com cara de jornada final. Isso tudo pela expectativa da subida da Ladeira do Império e da descida da Serra do Ramalho. Agora o belo paredão que nos recepcionou no fim do quarto dia, nos desafiou a vencer seus mais de 400 metros de desnível. Foram numerosas as histórias contadas a nós, sobre as dificuldades, choros e lutas de quem tentou encarar esse desafio sem o devido preparo. Mas para nós, o maior desafio do dia era deixar o Vale para trás.
Nesses dias por lá, pudemos conhecer paisagens únicas, plantas exóticas e ser surpreendidos por diferentes cantos e cores das aves. Aliás, os pássaros são um capítulo que merece destaque. A região é muito rica em beija-flores, sendo que foram catalogadas ali mais de 23 espécies. Além, claro, do exclusivo beija-flor de gravata vermelha, espécie encontrada somente no Pati. Pudemos ver vários, mas esse não tivemos o privilégio.
Foram 5 dias não só de caminhada, mas de experiência de vida. Conhecemos belas paisagens naturais, mas o mais importante foram as pessoas que encontramos ali. Cada morador que nos recebeu e acolheu com sua simplicidade e carinho serão lembrados de forma muito especial.